Skip to main content

Home/ EducaNetUAb/ Contents contributed and discussions participated by Helena Mcunha

Contents contributed and discussions participated by Helena Mcunha

1More

Representações sociais sobre tecnologias da informação e da comunicação - 4 views

shared by Helena Mcunha on 16 Apr 11 - No Cached
  •  
    Este estudo tem a intenção de refletir sobre as representações sociais dos alunos concluintes do ensino médio de uma escola pública sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) e multimídia interativa. Nesta perspectiva, esta pesquisa tem por objetivos: identificar percepções e representações sociais que alunos concluintes do Ensino Médio regular apresentam sobre TIC e multimídias interativas; e analisar as possíveis relações existentes entre as suas representações sociais e o processo de ensino-aprendizagem no contexto escolar. O estudo se fundamenta em Lévy (1993, 1999, 2000), Moscovici (1978, 2003), Bourdieu (1996, 2005), entre outros. A pesquisa, realizada no município de Guarujá, São Paulo (Brasil) se desenvolveu em duas etapas. Na primeira, utilizamos um questionário semiestruturado para oitenta alunos e, na segunda etapa, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com doze alunos. Os elementos representacionais foram analisados sob três dimensões: 1ª a linguagem midiática e o contexto escolar; 2ª a (re)construção de representações e práticas/habitus; e 3ª o sentido/significado das TIC. Os resultados da pesquisa evidenciam que as TCI são elementos estruturantes da atual sociedade da informação e geram um processo produtivo e educativo: novas formas de comunicação, linguagem, interação e aprendizagem (novos habitus).
1More

Referências importantes para a inclusão coerente das TIC na educação numa - 8 views

shared by Helena Mcunha on 16 Apr 11 - No Cached
  •  
    A mudança de paradigma de uma escola mecanicista, que encara o saber como fragmentado e estanque, para uma escola interdependente e global, ou segundo Peter Senge, de "pensamento sistémico", pode ser mediada através da utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação, que poderão potenciar a desejável mudança pedagógica nas práticas e nos agentes educativos, dentro e fora da escola. Peter Senge trouxe da reflexão sobre economia e sociologia novos e grandes desafios para as "escolas que aprendem". As escolas preparam, hoje, alunos que são candidatos não à era industrial, de disciplinas compartimentadas, mas sim futuros trabalhadores em sistemas de conhecimento, que caracterizam o século XXI.
1More

Contributos dos fornecedores de Internet para a literacia digital - 6 views

started by Helena Mcunha on 09 Mar 11 no follow-up yet
  • Helena Mcunha
     
    Documento oficial da equipa portuguesa do Projecto EU Kids Online
    Contributos dos fornecedores de Internet para a literacia digital
    Cristina Ponte, Tomás Patrocínio, Nelson Vieira
    Universidade Nova de Lisboa; Universidade de Lisboa; Universidade Técnica de
    Lisboa
    Resumo
    À luz da Convenção dos Direitos das Crianças e de recentes recomendações europeias
    relativas ao acesso e uso da Internet por crianças, esta comunicação reflecte sobre
    possíveis contributos de empresas públicas e privadas para uma literacia digital que
    tenha presente os direitos de protecção, de provisão e de participação dos mais novos
    nos novos ambientes em linha.
    Palavras-chave:
    Crianças e Internet; Direitos da Criança; Literacia digital;
    Introdução
    "A literacia dos media precisa de ir além de uma definição focalizada nas
    capacidades dos utilizadores (acesso, análise, avaliação e produção de conteúdos), para
    considerar os "acordos de conhecimento social" implicados nos seus textos e
    tecnologias, nos seus usos sociais e institucionais e ainda nos modos como esses
    acordos são geridos, nomeadamente pelos media, governo, educação e empresas" - é
    esta perspectiva alargada de literacia dos media expressa por Sonia Livingstone (2004)
    que guia a reflexão sobre como os fornecedores de Internet podem contribuir para uma
    literacia digital1.
    1 Esta comunicação adapta para português a comunicação apresentada pelos autores, membros do
    Projecto europeu EU Kids Online, coordenado por Sonia Livingstone, na Conferência sobre Políticas
    Europeias dos Media, More Trust in Content - the Potential of Co- and Self Regulation in Digital Media,
    organizada pela Presidência Alemã da União Europeia, em Maio de 2007 na cidade de Leipzig. Mais
    informações sobre o Projecto EU Kids Online em www.fcsh.unl.pt/eukidsonline.
    Tendo como alvo de atenção os media digitais, esta comunicação organiza-se em
    três tópicos principais: o acesso à Internet na perspectiva dos Direitos da Criança:
    Protecção, Provisão e Participação; o lugar dos fornecedores da Internet e da literacia
    para os media digitais em recentes recomendações europeias; como podem os
    fornecedores da Internet assegurar os direitos a protecção, provisão e participação.
    1. O acesso aos media digitais na perspectiva dos Direitos da Criança
    A Convenção dos Direitos da Criança continua a ser o documento regulador
    mais relevante no que se refere a direitos, assinado pela totalidade dos países da União
    Europeia no princípio dos anos 90. Aprovada antes da emergência e da generalização
    dos meios digitais, este documento continua a poder ser apresentado como guia para
    decisões políticas locais, nacionais e transnacionais susceptíveis de afectar as crianças.
    Os seus quatro princípios básicos privilegiam pela primeira vez a criança como
    sujeito de direito: as decisões tenham os melhores interesses da criança como primeira
    consideração; as opiniões das próprias crianças sejam ouvidas; o seu desenvolvimento
    seja assegurado; não exista discriminação entre crianças. No que se refere aos media,
    são particularmente importantes para esta reflexão os artigos 13º e 17º, ambos a
    sublinhar o direito ao acesso a meios de comunicação.
    O artigo 13º refere o direito das crianças à liberdade de expressão: liberdade para
    procurar, receber e distribuír informação e ideias de todo o tipo, independentemente de
    fronteiras, por diferentes meios à sua escolha. As restrições ao exercício desse direito
    decorrem dos direitos de outros, e da sua reputação, e da protecção da segurança
    nacional e defesa da ordem, saúde e da moral públicas.
    A Internet e os meios digitais permitem às crianças usufruir deste direito à
    expressão de uma forma poderosa, ao mesmo tempo que podem contribuir para lhes
    fazer notar a sua responsabilidade e consciência pelos direitos dos outros, incluindo
    outras crianças. Esta é uma questão cívica que se liga aos direitos humanos e cidadania,
    muito mais do que uma competência técnica. Como sublinha Divina Frau-Meigs (2006:
    8-9): "O real valor acrescentado da Internet, como ferramenta interactiva, adquire aqui o
    seu significado pleno para dar conta do alcance das actividades de crianças e jovens
    (produção, disseminação e apropriação de conteúdos). Isto tem implicações para a
    protecção dos seus direitos humanos, e para a sua própria consciência dos direitos e das
    responsabilidades que lhes são inerentes (…). As crianças precisam de ter mais
    consciência dos seus direitos mas também precisam de ter mais consciência de quando
    infligem os direitos de adultos."
    Em complementaridade, o artigo 17º da Convenção apresenta os meios de
    comunicação social como fornecedores de informação e de materiais provenientes de
    uma diversidade de fontes culturais, nacionais e internacionais. Esse artigo também
    convida os meios de comunicação social a desenvolverem linhas de orientação
    apropriadas para a protecção das crianças. Apesar das diferenças entre esses meios
    clássicos e os digitais, no seu acesso e uso, tem sentido incluir aqui a Internet, acedida e
    usada por milhões de pessoas.
    É possível identificar nestes dois artigos os 3 Ps associados aos direitos das
    crianças: direito a protecção (de conteúdos ilegais ou de situações perniciosas); direito a
    provisão (procurar/ter acesso e receber uma diversidade de informação e de materiais);
    direito a participação (liberdade de expressão e de divulgar informação).
    O direito à protecção está muito mais presente nos discursos públicos, por parte
    de reguladores, governo, empresas, etc., e nas preocupações parentais sobre a Internet
    do que os direitos à provisão e à participação. Questões de empowerment das crianças e
    do seu protagonismo como agentes nos programas de literacia dos media, por exemplo,
    só vieram recentemente para a agenda pública e ainda não existe consenso nessa
    matéria.
    Embora a Convenção da ONU apresente as crianças como sujeitos com menos
    de 18 anos, para uma discussão sobre o acesso à rede e os seus usos haverá que ter em
    conta variações nas idades, com diferentes competências de leitura e escrita, de
    interesses e experiências sociais. Enquanto as crianças mais novas gostam de jogar na
    Internet e de explorar outras actividades em sítios acolhedores, dinâmicos e coloridos,
    os usos da Internet por crianças mais velhas e por jovens está muito associado a
    comunicação interpessoal e a contactos sociais. Cada vez mais cedo, saltam as
    "vedações" de sítios protegidos desenhados para crianças, querendo estar onde estão os
    seus amigos, onde está "toda a gente". Para muitos, a pesquisa de informação ou a
    navegação não são tão apreciadas quanto a contínua apresentação do eu, numa
    atmosfera "fixe", de partilha de músicas, imagens, interesses, pontos de vista ou apenas
    breves mensagens pessoais. O MSN e os e-mails promovem contactos com amigos,
    enquanto as salas de conversação e as redes sociais, como o My Space ou o Hi5, são
    mais públicas e abertas a contactos fora do círculo pessoal. Jogos em linha, com ou sem
    interactividade síncrona, são mais do que ocupação de tempos livres, oferecem temas
    para conversa. A publicação na rede e os blogs são outras actividades que permitem
    crianças e jovens serem produtores e co-produtores.
    Como escrevem McKay et al (2004: 195), a propósito do uso de meios
    electrónicos como os telemóveis, a tecnologia que proporciona mobilidade aos mais
    novos também lhes traz um sentimento de autonomia, dando-lhes uma sensação de
    controlo das suas vidas e de independência das suas famílias, enquanto oferece aos pais
    a garantia (ainda que talvez ilusória) de contacto e acesso imediato. O acesso à Internet
    de banda larga também está a afectar os padrões de uso, com os jovens a passarem mais
    tempo em frente aos ecrãs. A tecnologia é o meio de resposta às suas necessidades de
    informação, entretenimento e socialização. É como se para as crianças tudo girasse à
    volta da interacção e do poder, características que se sobrepõem às diferenças entre os
    meios. Procuram relações com pares e sentido de comunidade e, para o conseguirem,
    estar em ligação tem uma importância chave, seja pela navegação no computador ou
    pelos telemóveis.
    Neste mundo da hipertextualidade, organização anárquica, comunicação
    síncrona, interactividade, estética visual e de tanto mais, vejamos como é que são
    enquadrados os fornecedores de serviços da Internet pelas instâncias políticas europeias
    em matéria de regulamentação no acesso e uso por crianças.
    2. Fornecedores da Internet em recentes recomendações europeias
    Os fornecedores da Internet são aqui considerados de forma abrangente,
    incluindo, por um lado, indústrias e empresas privadas, como os fornecedores do acesso
    à Internet, empresas de equipamento informático e fornecedores de conteúdos; por
    outro, fornecedores públicos de conteúdos, como portais institucionais ou associados ao
    serviço público audiovisual.
    Estes diferentes fornecedores de conteúdos podem contribuir para a segurança
    na Internet e para a protecção de crianças, e enriquecer a sua provisão de experiências e
    actividades de participação.
    Esta perspectiva plural pode ser associada a recentes Recomendações políticas
    no espaço europeu, relacionadas com crianças e acesso, como Empowering Children in
    the New Information and Communication Environment, Recomendação Rec(2006)12,
    aprovada pelo Conselho de Ministros do Conselho da Europa a 27 de Setembro de
    2006; e Protection of Minors and Human Dignity, Recomendação 2006/952/EC, do
    Parlamento e do Conselho Europeu, aprovada a 20 de Dezembro de 2006. Ambas
    apresentam a necessidade de uma perspectiva plural, com múltiplos intervenientes,
    defendem a literacia para os media e a protecção das crianças, sendo a protecção o foco
    da Recomendação do Parlamento e do Conselho Europeu. Contudo, há diferenças nas
    suas perspectivas indicadas pela variação semântica nos seus títulos (Empowering vs
    Protection; Children vs Minors).
    A Recomendação do Parlamento e do Conselho Europeu defende a conjugação
    de vários intervenientes, "em diálogo contínuo" como via para uma maior protecção:
    legisladores nacionais e europeus, autoridades de regulação, indústrias, associações,
    cidadãos e sociedade civil. Nesta plataforma, a indústria ligada à rede é convidada a
    assegurar um acesso mais vasto e a providenciar dispositivos tecnológicos e informação
    classificativa de conteúdos. A perspectiva da literacia para os media orienta-se dos
    adultos para as crianças, que exclui a agência e a participação destas últimas, bem como
    outros contributos por parte de fornecedores de serviços para além dos referidos. Assim,
    defende-se uma intervenção "que capacite os menores a fazerem uso responsável de
    serviços audiovisuais e em linha, sobretudo pela melhoria do nível de consciência por
    parte dos pais, professores e formadores sobre o potencial dos novos serviços e sobre
    os meios seguros para menores, em particular por uma literacia para os media ou por
    programas de educação para os media, e por uma constante formação dentro da
    educação escolar" (I.2.a, itálico nosso).
    Entre perspectivas futuras de protecção das crianças destacam-se uma activação
    do controlo parental, existência de meios para apresentação de queixas, informação
    sobre a eficácia de programas de filtragem de conteúdos dirigida a pais e a possibilidade
    de apoiar um domínio reservado para sites monitorizados, vocacionados para menores e
    os seus direitos, como .Kid.eu.
    Por seu lado, a Recomendação do Conselho da Europa apresenta uma agenda
    mais vasta para o sector privado e sublinha a responsabilidade da indústria da Internet
    no que se refere a direitos das crianças à protecção, provisão e participação e à sua
    literacia informática: "Em parceria com os governos, o sector privado, como actorchave
    na sociedade da informação, deve ser encorajado a promover e a facilitar as
    competências das crianças, o seu bem-estar e a literacia e actividades de formação. Em
    articulação, os actores deste sector deveriam periodicamente apreciar e avaliar as suas
    políticas e práticas de informação no que se refere à segurança das crianças e uso
    responsável, embora respeitando direitos fundamentais, em particular o direito à
    liberdade de expressão e a receber e difundir informação e opinião sem interferência
    nem fronteiras."
    Alargando estas parcerias, que também contam com actores da sociedade civil e
    os media, Divine Frau-Meigs (2006b: 13) inclui também dois outros actores sociais:
    Jovens e Organizações Governamentais Internacionais, como a UNICEF, a UNESCO, o
    Conselho da Europa. No ponto seguinte, será visível o papel da UNICEF como
    plataforma de conteúdos, bem como a perspectiva de ter em consideração o acesso e os
    usos por parte de crianças e jovens.
    3. Fornecedores da Internet e literacia digital para crianças
    Os fornecedores de Internet, no sentido lato em que os referimos, podem
    promover a literacia digital nas crianças ao possibilitar-lhes lidarem positivamente não
    só com a tecnologia mas também (e sobretudo com sucesso) com as suas
    potencialidades e riscos. Para isso, há que ter em consideração a natureza dos
    fornecedores da Internet (empresas privadas vs instituições públicas ou associadas ao
    serviço público audiovisual) ou a idade das crianças e os seus interesses.
    Fornecedores privados e uma Internet mais segura
    Se os 3 Ps dos Direitos das Crianças (Protecção, Provisão e Participação) devem
    estar sempre presentes nas orientações, a idade das crianças e os seus interesses são
    variáveis a ter em conta quando se pensa no contributo de fornecedores privados. Para
    uma segurança efectiva da Internet é necessário ter presente outros 3 Ps (Pessoas,
    Processos e Produtos), como para qualquer utilizador. Na verdade, estudos
    internacionais, como o da MAS Catalyst sobre medidas de segurança, apontam que 80%
    do esforço de segurança assenta em Pessoas e Processos, enquanto os Produtos
    recolhem 20%. Desse modo, a melhor perspectiva para promover a segurança das
    crianças na Internet seria pela implementação de cenários que assegurem um uso
    correcto dos 3 Ps.
    Nas diferentes medidas de protecção apontadas pela Associação Europeia de
    Fornecedores de Internet (EUROISPA), os 3 Ps estão presentes a vários níveis.
    Produtos, Processos e Pessoas (pais) são invocados no uso de filtros para uma
    navegação diferenciada, instalados em casa das pessoas, na existência de uma
    classificação de conteúdos com indicadores de idade, no recurso a senhas e outros
    modos de identificação do utilizador e gestão de dados. A segurança no acesso à
    Internet e no seu uso por crianças é assim co-promovida em conjunto pela indústria e
    pelos pais.
    Para as crianças mais novas, é importante a criação de um ambiente seguro que
    lhes proporcione uma exploração interactiva do meio, com escolhas de conteúdos de
    acordo com os seus interesses, alargando-lhes o seu conhecimento e experiências.
    Espaços relativamente fechados onde se pode navegar de um sítio para outro sem ir
    parar a sítios indesejados, isto é, um "jardim murado", associam-se ao uso de filtros e
    outros dispositivos tecnológicos. Para que isso aconteça é, contudo, necessário que a
    informação dos fornecedores de Internet seja acessível a pais e educadores com pouca
    ou nenhuma literacia informática. O esforço na produção de manuais muito acessíveis
    poderia ser recompensado com o reconhecimento público do seu contributo para uma
    Internet mais segura.
    É o direito à protecção (sobretudo ser face a predadores sexuais e às imagens
    pornográficas) o que é mais apresentado nos portais de poderosas empresas
    fornecedoras de portais orientados para crianças mais novas, como o KOL (da AOL,
    membro do grupo Time Warner) ou o Kids.Yahoo (portal da Yahoo para crianças).
    Fornecedores de conteúdos comerciais orientados para crianças estão também
    associados a indústrias mediáticas que migraram do audiovisual para a Internet, como a
    Fox Kids Network, o Disney Channel (presente em 13 países europeus, com conteúdos
    e publicidade em diferentes línguas) ou o Nick.com, da Nickelodeon/MTV, entre outras.
    Esta migração permite a essas empresas "uma penetração rápida nos lares enquanto
    criam toda uma cultura de signos coerentes - com personagens rituais e recorrentes que
    agradam e confortam as crianças - que lhes possibilita merchandising" (Frau-Meigs,
    2006a: 19).
    Estas e outras empresas proporcionam às crianças um espaço dinâmico, que as
    incita a ficarem nos sítios, a explorar as suas infinitas possibilidades, estreitamente
    relacionadas com o consumo de conteúdos de entretenimento. Ecrãs em constante
    movimento e mudança, uma panóplia de conteúdos a um simples click, efeitos sonoros,
    etc., são estratégias usadas para um frenesim e apelo a consumos, sob a aparência de um
    tranquilo espaço protegido de perigos externos.
    A dimensão comercial destes sítios na rede vai para além dos produtos de
    entretenimento mostrados no ecrã. A leitura das Políticas de Privacidade mostra o valor
    económico desses espaços da indústria de entretenimento e consumo dirigida a crianças.
    Apesar das suas diferenças (por exemplo, a Publicidade é mais identificada no
    sítio da Nick.com, mais restritiva na identificação das crianças e no fornecimento dessa
    informação a terceiros), o uso de informação pessoal (nome, idade, morada, e-mail…),
    de cookies ou log data permite a essas empresas saberem quantos visitantes recebeu
    cada sítio, quanto tempo ficaram, para onde foram e que tipo de sistema operativo
    usaram. Estas são rotinas partilhadas no controlo do uso da Internet por crianças como
    novos alvos dinâmicos de consumo numa economia de mercado.
    Alternativas a estes espaços comerciais podem vir do serviço público
    audiovisual dirigido a crianças, como é o caso do serviço norte-americano (PBS Kids),
    um dos mais prestigiados, com uma vasta gama de jogos, séries educativas, músicas,
    etc. Na Europa, o portal para crianças da BBC (Children BBC) é também um excelente
    exemplo de conteúdos alternativos, orientados para crianças mais novas, com um
    desenho atractivo e elevado nível de interacção. Noutros países europeus, há também
    portais associados aos respectivos serviços públicos de televisão. Em contraste com o
    frenesim dos portais privados, alguns destes portais são relativamente pobres em
    interacção, desenho e animação de ecrã. A falta de recursos financeiros e a velocidade
    das transformações no meio são argumentos invocados pelos serviços públicos, mas
    estes fornecedores deveriam também ter presentes as suas obrigações e promoverem
    uma maior participação das crianças, incluindo uma maior associação da sua produção
    ao corpo educativo.
    Saltar a cerca e explorar o mundo
    À medida que crescem, as crianças querem experimentar outras possibilidades
    em linha, como troca de mensagens e participação em grupos de discussão. Outro
    exemplo de um serviço público nesta linha vem do Reino Unido. O portal CCBC
    Newsround proporciona às crianças redes sociais monitorizadas e um espaço para
    expressarem as suas ideias sobre diferentes assuntos e actividades, em inquéritos,
    conversas, jogos, etc. As crianças são aconselhadas sobre o bullying e outras situações
    negativas que podem experimentar quando estão em linha, e os seus comentários
    aparecem no topo do ecrã, convidando outras a expressarem também as suas ideias. O
    portal convida à participação das crianças como cidadãs em muitos temas, incluindo
    notícias, e promove um espaço cívico para as discutir. O espaço Press Pack é um
    exemplo de auto-capacitação das crianças como produtores de conteúdos. Outro espaço
    com sugestões orientadas para crianças entre os 8 e os 12 anos é o portal Magic, da
    UNICEF, que também contém sugestões de actividades e recursos para pais, educadores
    e jornalistas.
    Nas companhias privadas encontram-se igualmente exemplos interessantes de
    iniciativas orientadas para crianças e jovens (sobretudo no contexto escolar). É o caso,
    por exemplo, da iniciativa do SAPO, o fornecedor português, em cooperação com os
    Ministérios da Educação e da Cultura, outros meios de comunicação e empresas
    privadas. No primeiro ano, em três meses, cerca de 15 mil estudantes e 1200 professores
    de todo o país tiveram acesso a uma formação básica de criação e publicação de
    conteúdos digitais, por meios tutoriais em formato digital e em ateliers do "comboio da
    banda larga", a que se seguiu a participação na primeira fase do concurso nacional de
    escolas, sobre as suas competências de pesquisa, transmitido pela RTP. No segundo
    ano, a fase seguinte deste concurso, sobre criação, associou-se ao Plano Nacional de
    Leitura. As equipas de cada escola escolheram um livro de um autor português
    (condição única de escolha), trabalharam-no e produziram conteúdos multimédia
    (vídeos, podcasts, etc.), discutindo as suas experiências e produções num blog
    associado. Um júri escolheu a equipa vencedora em cada uma das 18 regiões envolvidas
    e a finalíssima foi transmitida na televisão pública.
    Espaços combinados
    O portal da UNICEF para jovens, Voices of Youth (VOY) é certamente um dos
    mais ricos no que se refere à expressão da sua cidadania por diferentes vias e no seu
    domínio, não só no uso do espaço da Internet mas também de diferentes papéis sociais.
    Disponível em diferentes línguas (inglês, francês, espanhol, árabe, swalli), reúne jovens
    de todo o mundo. Alguns destes projectos estão associados a companhias privadas,
    como a MTV. É o caso do desafio: "Have a good idea on how to educate others about
    HIV and AIDS? Vlogit!"
    Associada à ONG Global Kids, uma organização juvenil sediada no Bronx, Nova
    Iorque, VOY entrou em Teen Second Life, o espaço do popular jogo para adolescents, e
    promoveu um festival cibernético que envolveu crianças de diferentes partes do mundo.
    Desenhado por crianças e organizado na sua ilha, o festival centrou-se numa competição
    para construir estruturas virtuais que respondessem a questões como o VIH/SIDA,
    educação, saúde e abuso e exploração sexual de crianças. Mesmo que o número de
    participantes não seja muito elevado, esta pode ser uma porta aberta a jovens,
    contribuindo para alargar as suas perspectivas sobre problemáticas associadas a crianças
    e jovens.
    O mesmo contributo pode ocorrer noutros espaços sociais. Por exemplo, a
    iniciativa de VOY, "Make a difference" One minute video contest!", pode ter uma
    presença própria em The Citizentube, o recente espaço do YouTube, contribuindo
    também para o alargamento da esfera pública e a discussão sobre notícias e política.
    Riscos da promoção de segurança em linha
    Tendo presente os três Ps da segurança em linha (Pessoas, Processos e Produtos),
    vejamos como podem ser considerados para jovens e crianças mais velhas.
    Alguns fornecedores públicos têm páginas com conselhos sobre a Internet,
    procurando atingir diferentes audiências (crianças mais novas e mais velhas, jovens,
    adultos). Estas páginas tendem a ficar marcadas mais pelo discurso do medo do que por
    um discurso de oportunidades e controlo de riscos. É possível encontrar páginas onde
    predomina a mancha do texto escrito, aconselhando jovens num tom frequentemente
    adulto e autoritário. Outras páginas têm mais actividades interactivas, mas escasseiam
    processos de tomada de decisão que poderiam contribuir para a reflexividade e
    empowerment dos mais novos, tão necessários em contextos de risco. Sem dúvida que a
    informação que contêm é útil para adultos com um nível mínimo de literacia
    informática, mas deveriam ter mais presente a cultura das crianças e os seus contextos
    de uso da Internet. Também as linhas de denúncia deveriam ser sensíveis às variações
    de idade.
    O portal Décode le web é uma produção do MSN, da Microsoft, e é talvez um dos
    exemplos mais interessantes de como a indústria de conteúdos pode contribuir para a
    literacia digital. Produzido em colaboração com a E-Enfance, uma associação de pais,
    francesa,2, cobre uma gama de situações associadas à Internet e seus usos, incluindo os
    telemóveis. A sua página de apresentação tem um traço moderno, a linguagem é
    próxima da das crianças a que se dirige e este portal pode ser um bom instrumento de
    auto-capacitação. Seria interessante pesquisar como lidam os jovens com este portal, ou
    com outros, ter em consideração os seus comentários e como rapazes e raparigas de
    diferentes grupos de idade apreciam o seu conteúdo e orientações.
    A presença activa da voz de jovens e o seu envolvimento no desenho e concepção
    de conteúdos sobre segurança, associados com as suas experiências positivas, poderia
    contribuir para promover um discurso diferente. Processos criativos e dinâmicos de
    envolvimento dos jovens em jogos de desempenho e de tomadas de decisão, trabalho
    em equipa com educadores e profissionais dos media, poderiam ser formas de substituir
    o discurso do medo que parece ser ignorado pelo seu alvo, os mais novos. Isto acontece
    sobretudo com adolescentes, que se sentem capazes de dominar e de controlar situações
    de risco e que confiam mais na experiência e competência dos seus pares do que nas
    páginas silenciosas dos ecrãs.
    A pensar nas crianças e jovens que saltam a cerca, Rui Shantilal, especialista em
    segurança informática, sugere como as medidas tecnológicas poderiam recorrer a uma
    linguagem amigável, promovendo a sua capacitação para lidarem com os riscos da rede:
    "A tecnologia não deveria ser usada sobretudo para filtrar ou limitar o acesso a
    crianças e jovens, porque a sua tendência natural será tentarem ultrapassar ou
    tornear esse obstáculo. As crianças não deveriam ver as soluções tecnológicas em
    matéria de segurança como um desafio ou uma barreira. Por esse motivo, essas
    soluções tecnológicas, juntamente com a implantação de processos concretos,
    2 O discurso do medo está presente na página de apresentação desta associação de pais, com dois vídeos
    de 30 segundos, ambos a apresentar as crianças como vítimas fatais de conteúdos e de contactos da
    Internet, sem perspectivas contrárias.
    deveriam ser traçadas para que as crianças confiem nesses instrumentos e lhes
    reconheçam utilidade. As crianças deveriam considerar de forma positiva as
    medidas tecnológicas, não como desafios. Esta perspectiva poderia de facto
    contribuir para a literacia dos media e a sua capacitação."
    Acentuando que a protecção mais eficaz vem de Pessoas (crianças e jovens
    incluídos) e Processos, este profissional de segurança sugere um possível contributo da
    indústria informática:
    "Vejamos um exemplo. O MSN é um espaço muito popular, também usado pela
    maioria das crianças na Internet. Uma implementação muito útil seria a existência
    de um buddy virtual no MSN que ajudasse as crianças em matérias de segurança.
    Isso poderia acontecer com o desenvolvimento de um plug-in para o MSN ou pelo
    desenvolvimento do próprio Microsoft como um traço do MSN. Este buddy
    virtual, que deveria ter um ar amigável para as crianças, poderia comunicar com
    de forma também amigável. Poderia ter também avisos sobre o que fazer em
    situações bizarras. Na prática, este buddy virtual poderia actuar por uma
    correlação inteligente na identificação de padrões combinados, capaz de detector
    que alguém, numa primeira conversa com o utilizador, lhe está a perguntar por
    exemplo "onde vives?". Nesta situação, o buddy virtual com ar fixe poderia saltar
    e convidar a criança a pensar um pouco nessa pergunta. Isto poderia ser um modo
    de interromper por momentos as respostas síncronas e automáticas que as crianças
    tendem a dar, contribuindo para serem auto-reflexivas sobre a sua prática antes de
    agir de imediato.
    Este buddy virtual poderia também ser capaz de detectar propostas estranhas por
    parte de alguém. Por exemplo: "Faço colecção de números de cartões de crédito,
    tenho números de cartões de crédito de todo o mundo! Se me deres o número do
    cartão da tua mãe, eu mando estas imagens de [artistas ou qualquer coisa em
    voga] para o teu computador. Mando já uma para veres se gostas". Aqui o padrão
    seria: baixo grau de contacto + detecção de „CRÉDITO‟ junto a „CARTÃO‟.
    Este conceito poderia ser também usado no Browser. Por exemplo, o Internet
    Explorer poderia ter um buddy Virtual que inspeccionaria o conteúdo das páginas
    web antes de as disponibilizar, e avisaria os utilizadores sobre o seu conteúdo."
    Síntese final
    - Como parte da sua literacia mediática, as crianças têm direito à informação e a
    conteúdos em rede, que deveriam ser protegidos e proporcionados, permitindo-lhes
    uma participação activa no mundo em linha;
    - Um ambiente seguro na Internet envolve mais Processos e Pessoas do que
    Produtos; a tecnologia não é o factor mais relevante, mas deve ser considerada pela
    indústria e pelos fornecedores de acesso como parte da sua responsabilidade social.
    Também pais e educadores sem literacia informática deveriam ter disponibilizada
    informação acessível sobre como proteger as crianças;
    - Diferentes idades tornam necessárias diferentes perspectivas para uma literacia
    dos media;
    - A capacitação das crianças como utilizadores seguros da Internet e com literacia
    dos media envolve múltiplos agentes promotores, incluindo as próprias crianças e
    jovens;
    - Os fornecedores de Internet em sentido lato desempenham um papel relevante na
    literacia dos media, proporcionando às crianças conteúdos estimulantes e interactivos,
    ferramentas que permitam uma auto-formação e portais onde seja considerada a sua
    participação activa, a sua experiência e os seus modos de expressão.
    - Os serviços públicos audiovisuais e os portais institucionais deveriam
    proporcionar uma diversidade de conteúdos educacionais e cívicos, num ambiente
    atraente, estimular o seu sentido de cidadania, os seus direitos e questões relacionadas.
    Referências
    Frau-Meigs, D. (2006a). Public service on digital media. Letting young people's
    situation determine the timing and format? In U. Carlsson & C. v. Feilitzen (Eds.), In
    the service of young people? Studies and reflections on media in the digital age (pp. 13-
    26). Goteborg University: UNESCO International Clearinghouse on Children and
    Violence on the Screen.
    Frau-Meigs, D. (2006b). Council of Europe Pan-European Forun on Human
    Rights in the Information Society: Empowering children and young People - General
    Report. Yerevan: Council of Europe.
    Livingstone, S. (2004). Media Literacy and the Challenge of New Information and
    Communication Technologies. The Communication Review, 7, 3-14.
    McKay, S., Thurlow, C., & Zimmerman, H. T. (2005). Wired whizzes or technoslaves?
    Young people and their emergent communication technologies. Faculty of
    Washington. Faculty.washington.edu/thurlow/papers/McKay,Thurlow,Toomey-
    Zimmerman(2005)-chapter.pdf, accessed April 22 2007.
    Endereços de Internet:
    Children BBC: http://www.bbc.co.uk/cbbc/
    Children BBC Newsroom : http://news.bbc.co.uk/cbbcnews/default.stm
    Decode le web: http://www.decodeleweb.com/default.aspx
    http://www.bbc.co.uk/cbbc/
    International Disney Channel (Europe):
    http://www.disneyinternational.com/disneychannel-net/
    Kids On Line (AOL) : http://kids.aol.com/welcome
    Kids smart: http://www.kidsmart.org.uk/
    Magic: http://www.unicef.org/magic/index.html
    SAPO.PT Project (Turma SAPO) : http://turma.sapo.pt
    Voices of Youth: http://www.unicef.org/voy/index.php
    Voices of Youth and Teen Second Life:
    http://ux641a12.unicef.org/voy/takeaction/takeaction_3506.html
1 - 6 of 6
Showing 20 items per page