Todas as cores de Marc Chagall ocupam o Masp - 0 views
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Rede Histórica - on 24 Jan 10"Quando o artista russo Marc Chagall (1887-1985), considerado o maior pintor judeu do século 20, aceitou a encomenda do marchand francês Ambroise Vollard (1866-1939) para ilustrar a Bíblia na década de 1930, ainda não dominava totalmente a técnica da gravura. Seus detratores, entre eles o pintor Georges Rouault (1871-1958), aproveitaram para destilar o veneno acumulado nas rodinhas parisienses dos modernistas. Rouault, na época, comentou que Chagall teria razões de sobra para chorar diante do Muro das Lamentações. Não foi, obviamente, o que aconteceu. A série bíblica de Chagall, que Vollard não viu pronta (o marchand morreu antes), é, hoje, um dos pontos altos da carreira do artista, homenageado pelo Masp com uma exposição de 178 gravuras, O Mundo Mágico de Marc Chagall, que reúne, além dela, suas ilustrações para as fábulas de La Fontaine e uma série de litogravuras baseada no idílio pastoral de Dafne e Cloé. Em linha direta, as três séries acompanham toda a evolução da linguagem artística de Chagall desde que o pintor desembarcou na França, em 1923, antes de passar pela Alemanha um ano antes e ter aulas com o artista alemão de origem judaica Hermann Struck (1876- 1944). Foi por influência de Struck, sionista que vislumbrou a criação de um Estado judeu, que Chagall visitou a Palestina em abril de 1931, em busca de inspiração para criar a série A Bíblia, encomendada por Vollard e exibida em versão integral na mostra do Masp. O artista trabalhou nela de 1931 a 1939, ano da morte de Vollard, retomando-a depois da guerra, quando já morava nos EUA. Aquareladas à mão por Chagall, essas 105 gravuras foram publicadas em 1956 por Teriade, nome artístico do crítico de arte e editor grego Stratis Eleftheriades (1889-1983). Curador da mostra, o crítico e museólogo Fábio Magalhães destaca a série bíblica por representar uma mudança notável na linguagem artística de Chagall. "Ele havia passado por Amsterdã para e